Na cerimônia chamada ITEFA, o iniciado passa por alguns sacrifícios (ẹbọ) chamado de Ifa Adawomi (primeiro ritual), para controlar e adequar sua energização antes de entrar na selva sagrada que chamamos de IGBODU. Depois de alguns dias, ele (a) reconhece seus tabus (Eewo) através do seu Odu (destino) e o caminho a ser trilhado (ritual chamado de ita). Existem pessoas que apenas iniciam-se a este ritual somente para melhorar sua espiritualidade e sua vida, deixando de lado os estudos e levando sua vida na maior normalidade. Este tipo de iniciado é chamado de awo asose e existem também aqueles Ọmọ Awo chamados Awo Ẹlẹgan, a qual se permite somente realizar ẹbọ e consulta, e não iniciar outrém a Ifá ou Ọrìṣá. O novo iniciado que quer passar por treinamento no Itẹfá, ele deve estudar muito, que para alguns demora anos, normalmente cerca de 10 à 20 anos e, para outros que trabalham muito com a sua memória isso pode durar até menos que 5 anos. Este Awo Ifá passará por muitos testes na vida, e será sempre supervisionado por seu Ojugbona (o Bábálawo dos ensinamentos), para que ele não cometa erros durante os rituais a serem realizados.
Para ser Bábálawo não precisa de tempo e nem idade, e sim reconhecimento avistado por Ọrìṣá Odu e pela comunidade de Bábálawo. Portanto, o ritual de Itẹfá/Itẹlọdu é importante para saber o destino de cada pessoa, além de mudar ou concertar o destino do iniciado, o Itẹfá serve de impulso para o iniciado aprimorar por toda sua vida, os seus estudos e suas práticas religiosas. Ao contrário do que muitas pessoas dizem sobre o que e quem pode ser Bábálawo, uma pessoa é um verdadeiro Bábálawo apenas pelo fato de saber responder questões ao que Ifá permite e seu Oluwo e Ojugbona o aprovar através de Odu (Ọrìṣá místico).
O Bábálawo treina a vida toda, desde os Ẹṣẹ Ifá (corpus literários) até Iyẹrẹ (corpus de Ifá designados por sua voz), rezas tais como Oriki, Adurá, Igẹdẹ, Ọfọ (para fazer medicinas) e por ultimo as medicinas que chamamos de oogun, é importante o Awo saber quais as origens das plantas para ter o dom de curar as enfermidades. Ele utiliza vários instrumentos adivinatórios e os mais conhecidos são ọpẹlẹ ifá (rosário) e ikin ifá (noz de palma).
Em todo Templo de Ifá existe uma hierarquia a ser respeitada:
1) Oluwo – chefe maior dos omo awo do templo de Ifá;
2) Ojugbona – Este é o ọmọ awo que ensina outrem os caminhos trilhados dentro do culto a Ifá, braço direito do Oluwo;
3) Amosun – Este cargo preserva-se para aquele que carrega o Ọpá Osún (bastão sagrado). Quando o Ojugbona não está presente no templo, é o Amosun que fica a frente de todos os rituais.
Fases da Iniciação
Ao contrário do Ise`fa, trata-se de uma consagração mais complexa onde, uma pessoa que procura fazer Ite`fa quer completar o seu destino de fato, mas exige mais compreensão da cultura indígena yoruba quanto a forma de cultura Orisa e Ifá. Essa iniciação é completa e exige das pessoas que procuram esta consagração, conhecimento, força de vontade e dedicação. Ifá aqui dará a essa pessoa melhores formas de viver, se ela tiver maior conhecimento de sua liturgia. Eu disse tudo isso, porque infelizmente no Brasil muitas pessoas têm uma visão errada ao procurar esta consagração, porque o compromisso com Ifá é ainda maior se você não entender sua liturgia de fato, o que Ifá oferece e o que Ifá cobra de seus seguidores. Minha opinião para a pessoa que não conhece Ifá e tem muitas dúvidas, faça ise`fa antes de fazer ite`fa, porque só assim você entrará na selva sagrada por completo.
Primeiro dia: o homem a mulher que passar pelo ite`fa, o Ojugbona (normalmente) começa a conversar com o Ifá para saber os ingredientes dos sacrifícios a serem feitos antes de entrar na selva sagrada. Quando é revelado o Odu, que chamamos esse ritual de Ifa Adawomi, essa pessoa escuta os versos deste Odu e passar a entender como resolver os problemas e entrar “limpo” para a selva sagrada. Depois dessa limpeza o Oluwo do templo explicará como serão feitos os rituais e quantos dias serão feitos. Ite`fa existem de 3 a 16 dias sendo que 3 dias chamamos de ikota, 7 dias ikoje e 16 dias ikotadilogun. Os rituais variam de poucas mudanças através destas datas, mas a equivalência da força que vai trazer a sua vida é a mesma.
Depois de realizar os sacrifícios você adentra a igbodu, presencia igba odu (cabaça do destino) aonde existi um Orisa mistico de grande importância que chamamos de ODÙ, Oro modi modi, etc. Se a pessoa avistar igbadu, é porque ela escolheu um destino para o sacerdócio de Ifá ou a própria ODÙ e Ifá escolheu este destino a ele (a). A pessoa neste dia passa por vários ritos e faz vários atos junto com os Babalawo presentes, lembrando, que sempre deverá existir 3 ou mais babalawo para realizar este ritual como descritivo logo acima, o odu ifa que explica essa regra esta em Oyeku pake ose, entre outros.
Segundo dia: O omo awo conhece seu odu e aprende a conhecê-lo por completo, quando os babalawo recitam os versos do odu ifa que saiu no igbodu e o Oluwo explica o destino que você deve seguir desde então. Serão feitos aqui outros ebo (sacrifícios) e Ifá descansará este dia.
Terceiro e ultimo dia: É feito o ita, e por ventura a pessoa escolhida ou se reconhecer o destino dela como Babalawo (sacerdote), ele será apresentado a sociedade com musicas, danças com comidas e bebidas. O novo Awo termina os rituais sendo apresentado a sociedade e templo, usando uma ropa nova e bonita. Ele precisa dançar e cantar nesse dia junto com todos. Sai aqui um o conhecimento do Babalawo de seus tabus de sacerdócio e conhecimento dos tabus de seu odu pessoal.
Oluwo explica a ele que deve respeitá-lo e seguir sempre suas orientações, a partir de então, o omo awo segue todas as prescrições de Ifá conhecendo os Ọrìṣá que ele deve cultuar e que ele pode se iniciar e iniciar outras pessoas.