Ẹṣẹntàyẹ ou Akoṣẹjàyẹ (nascimento do ser humano) é o ritual de batizado prático dado a um novo bebê, de tal forma que, normalmente no terceiro dia de nascimento, o Bábálawo procura através do oráculo de Ifá, a ver as jornadas da vida da nova criança. É um grande ato para fazer a leitura e saber os prós e contra ao recém-nascido. Quando o Pai da criança é iniciado em Ifá, os ikin dele podem ser usados a esta cerimônia, se não, os ikin do Bábálawo que o fizer. São usados alguns materiais para esta cerimônia e será sacado um Odu Ifá, que irá guiá-lo (a) até saber o que ele(a) escolherá no futuro. Somente familiares e os Awo presentes podem acompanhar esta cerimônia, porque deve ser guardado em total segredo entre eles.

Ẹṣẹntàyẹ significa pisar e caminhar pelo mundo, é muito importante tornar isto possível a uma nova criança, para puxar a ancestralidade e suas energias positivas, para que ela possa ter vida longa, saúde, paz e uma ótima família no futuro. Por ventura, este recém-nascido venha ao mundo se o devido conselho de seus ancestrais e de Ifá, ela se tornará um ser dentro de um vácuo para o futuro. O recém nascido com seus pais sabendo de suas limitações ganhará mais forças para que se limite no presente e futuro.

Crianças que nascem com o cordão umbilical enrolado no pescoço devem se iniciar ao Ọrìṣá da criatividade e da paz, ao qual chamamos de Ọbàtàlá (rei do pano branco). Este tipo de criança passou por sérios apuros durante a gestação, e normalmente houve aborto no ciclo familiar. Está criança também foi predestinada a ser um (a) sacerdote (Isa) de Ifá ou Ọrìṣá.

Iṣẹfá quando traduzir ao pé da letra significa: Iṣẹfá (força de Ifa). Quando fui à Oṣogbọ, vi como Isefa seria feito, encontra-se o mesmo sentido e mesmo ritual em OyoSagamu, Ede entre outras cidades. Iṣẹfá o iniciado recebe ọwọ Ifá ọkan (primeira mão de Ifá). Ao contrário que muitos Awo dizem e fazem aqui no Brasil, no ISEFÁ não existe:
1) Igba Odu (cabaça do destino), o novo iniciado não chegará até Odù.

2) Odú Ifá pessoal, que é aquele que nos dá um EEWO(tabus) e sabermos que devemos fazer e cuidar do nosso destino.
3) EGAN ou Ikọdidẹ: Somente quem vê Odù (Ọrìṣá místico) pode possuir EGAN, que é a força e reconhecimento, mostrando que ele foi aceito pela Ọrìṣá mística, e é um recomeço de um novo omo awo, um sábio.
4) Mariwò – Folha de IGI OPE onde Ifá é conhecido também como OPE, onde ele o omo awo usa esta vestimenta caracterizando um novo iniciado que pode obter seus segredos.

Iṣẹfá normalmente muitas pessoas procuram para ter mais conhecimento sobre a vida e seu pessoal, sendo que o novo iniciado consegue ​aprender com seu Bábálawo a controlar seu caráter, ter mais paciência, saber ver mais o certo e o errado, saber se defender e principalmente, organizar de uma maneira mais fácil sua vida. O ỌMỌ AWO IFÁ ou OMO AWO como é conhecido em nossa religião, aprende também como cuidar dos ikin (nozes de palma), de maneira que seu Ifá o permitir. Seus ikin não devem ter menos que 4 olhos, Ifa que tem ikin com 3 olhos é chamado de EKURO, uma grande proibição.
Alguns destes ọmọ awo Ifá querem chegar a ter seu destino traçado, e assim, devem passar pela selva sagrada (igbodu). Outros já preferem chegar diretamente a ODÙ (Orisa mistico) sem ter que fazer IṢẸFÁ, não há regra para isto, porque isto é uma escolha INDIVIDUAL e não apenas uma REGRA.

 

Fases da Iniciação

 

No Ise`fa não existe data correta para que o novo neófito conheça o Ifá, como se trata de uma iniciação simples, ela pode ser feita de 1 à 3 dias, porém, é melhor que a pessoa faça 3 dias porque o 3º dia se faz o Ita.

 

Primeiro dia: o homem e a mulher que passar pelo ise`fa, o babalawo passar a ensiná-lo a conhecer os ritos de passagem de um ise`fa, ele o Bábálawo deve ensinar e fazer com que a pessoa compreenda o que será feito. A pessoa usará vestes brancas (aṣọ funfun) e também receberá as ikin já no primeiro dia. A pessoa aqui começar a escutar o Bábálawo recitar alguns versos dos Odu Ifá (signos) que compreendem o ise`fa e faz ela entender a origem desta iniciação.

O Bábálawo entrega as ikin ensina a contabilizar de maneira correta, porque tudo que existe dentro da liturgia que Ifá traz existe um significado, e esta é a fase mais importante do ritual.

Depois de separar as ikin corretamente, o neófito começa a compreender que precisa de boa memória para cuidar de suas ikin, além de prestar muita atenção no que faz, o neófito começa a conversar com Ifá desde então. O segundo passo é o neófito conhecer os elementos das ikin e depois conhecer os segredos do sagrado.

 

Segundo dia: O neófito descansa e continua a fazer as preces, enquanto Ifá está conhecendo a energia de fato do neófito e vice-versa. O novo omo kekere Ifá começa a aprender com o Bábálawo a como cuidar de seu Ifá, porque o primeiro dia é o dia crucial para o neófito conhecer os segredos de como cultuar suas ikinÉ dever do Bábálawo ensinar os dias corretos para o neófito saber cuidar de seu Ifá, porque se ele não ensinar, ele será cobrado por parcelas de erros que o neófito fez de errado com o Ifá dele(a). Assim, o neófito como a saber rezar para seus ancestrais e começa a aprender a usar o noz de cola (obi).

 

Terceiro e ultimo dia: É feito o ita, que é aonde sai o odu ifa para realizar o sacrificio (ebo ou etutu). Lembrando que não existe no ise`fa  Odu de nascimento ou Odu pessoal e assim não existem TABUS par ao neófito, além, dos tabus reconhecidos pelos versos de Ifá que a pessoa começa a compreender desde então. Depois de realizar o sacrifício, é feito uma comemoração ao novo neófito. Quando há esta comemoração, é correto o neófito trazer uma roupa bonita e nova. Quando acabar todos os rituais, ele é apresentado a toda comunidade do Bábálawo e os presentes agradecem e apóiam o novo iniciado.

No final, o neófito pega suas ikin e leva para casa sabendo e compreendendo as tarefas diárias.

De acordo com o conhecimento que obtive em minha familia de Oṣogbọ e alguns Awo de Oyo, seria a primeira mão conhecida como ọwọ Ifá ọkan, conhecido popularmente como Ise`fa. Iko`fa em algumas famílias pode ser feito em um dia, e em outras até 7 ou 17 dias, sendo que o 17º dia seria o dia da confraternização. Porém isto não exime de não ser o mesmo que o Ise`fá, apenas o nome é mudado de acordo com o conhecimento de cada família.
Portanto quem passou por este processo iniciático, não pode ser considerado um Bábálawo, até porque é uma cerimônia simples, mas regada de rezas e atos e faz com que o Ọmọ Awo Ifá ganhe mais dias aprendendo a cultuar seu Ifá. É normal em solo nigeriano pela formação cultural e religiosa as crianças passarem por este ritual, e depois quando mais experientes elas completam o ritual fazendo o ITE`FÁ.
Ọrúnmìlá deu inicio ao Iko`fa/Isé`fa iniciando o seu filho, mas o colocando como estudante de Ifá até adquirir seus conhecimentos, para depois pelo Ite`lodu se “re-afirmando” novamente como sacerdote, mas nunca deixando de estudar o Ifá. Toda esta explicação está contida no Odu Ifá menor ỌGBẸ ATÉ. Iko`fá significa eu vou estudar Ifá.
Ise`fá significa eu tenho a força de Ifá.

Dentro do culto a Ifá há dois tipos de mulheres, APETẸBI e ÌYÁNIFÁ.

A Apetẹbi é a esposa do Bábálawo, e ela pode ter conhecimento ou não da filosofia de Ifá. A este título só incumbi a ela, se ela for casada com um Bábálawo, como explica no Odu Ifá Ọbararẹtẹ que Ọrúnmìlá deu sua filha para um de seus filhos de Ifá, neste caso filha de uma de suas esposas que tinha lepre (ele conheceu esta mulher durante suas jornadas espirituais por vários lugares). Ele dando sua filha declarou ao estudo o significado deste título: ọmọ ti a pa etẹ bi que significa a criança que nasceu depois de curar a mãe da lepra.

 

Ìyánifá por outro lado é um título ou nome comum para qualquer mulher que se submete a formação de conhecimento a Ifá, tal forma que, uma Apetẹbi também pode se tornar uma Ìyánifá se uma mulher passar por todo treinamento de Ifa, igual a um Bábálawo, ou seja, nem todas são Ìyánifá, mas muitas são Apetẹbi uma vez que casadas com um Bábálawo. A palavra Ìyánifá foi derivado de Ìyá Ọnifá, que significa Mãe em Ifa ou sacerdotisa de Ifá. Ìyánifá não se designa apenas as mulheres anciãs, mas sim pelo conhecimento dela dentro do culto a Ifá, que é o mesmo seguimento de um Bábálawo, ela pode ser jovem como uma anciã, isso vai depender somente de seus ensinamentos.
É muito difícil encontrar uma Ìyánifá em uma comunidade de Ifá com muitos conhecimentos, são poucas existentes. É mais fácil encontrar uma Apetẹbi que siga seu esposo, porque aqui parte-se da premissa que ela normalmente não tem tempo para aprender como seu esposo aprende, tendo assim que cuidar de filhos, da casa ou templo.

 

​A Apetẹbi ou qualquer mulher que depois realizar o ritual ITEFA, a ela não é consignado este título de ÌYÁNIFÁ, porém, a regra só tem ressalvas se a mesma tiver compreendido todos os ensinamentos dos 256 Odu Ifá, ẹbọ, rezas etc, igual a um Bábálawo. A Apetẹbi normalmente além de cuidar do templo, a ela fica incube de rezar por Ifá e as vezes agradar Ifá com os nozes de cola (obi) nos Oṣẹ Ifá (semana de Ifá), comidas, bebidas, etc., da mesma forma a Ìyánifá, deixando a parte de sacrifícios para seu esposo Bábálawo , no processo de invocar energias.

Ìyánifá pode além de tudo isto mencionado acima, recitar versos de Ifá de tal forma que, a Apetẹbi não pode. Ìyánifá pode participar de reuniões no templo de Ifá, fechado somente aos sacerdotes, recitar versos de Ifá partir dos Odu Ifá e até mesmo aconselhar um Bábálawo quando possível em reuniões espirituais.

Na cerimônia chamada ITEFA, o iniciado passa por alguns sacrifícios (ẹbọ) chamado de Ifa Adawomi (primeiro ritual), para controlar e adequar sua energização antes de entrar na selva sagrada que chamamos de IGBODU. Depois de alguns dias, ele (a) reconhece seus tabus (Eewo) através do seu Odu (destino) e o caminho a ser trilhado (ritual chamado de ita). Existem pessoas que apenas iniciam-se a este ritual somente para melhorar sua espiritualidade e sua vida, deixando de lado os estudos e levando sua vida na maior normalidade. Este tipo de iniciado é chamado de awo asose e existem também aqueles Ọmọ Awo chamados Awo Ẹlẹgan, a qual se permite somente realizar ẹbọ e consulta, e não iniciar outrém a Ifá ou Ọrìṣá. O novo iniciado que quer passar por treinamento no Itẹfá, ele deve estudar muito, que para alguns demora anos, normalmente cerca de 10 à 20 anos e, para outros que trabalham muito com a sua memória isso pode durar até menos que 5 anos. Este Awo Ifá passará por muitos testes na vida, e será sempre supervisionado por seu Ojugbona (o Bábálawo dos ensinamentos), para que ele não cometa erros durante os rituais a serem realizados.

Para ser Bábálawo não precisa de tempo e nem idade, e sim reconhecimento avistado por Ọrìṣá Odu e pela comunidade de Bábálawo. Portanto, o ritual de Itẹfá/Itẹlọdu é importante para saber o destino de cada pessoa, além de mudar ou concertar o destino do iniciado, o Itẹfá serve de impulso para o iniciado aprimorar por toda sua vida, os seus estudos e suas práticas religiosas. Ao contrário do que muitas pessoas dizem sobre o que e quem pode ser Bábálawo, uma pessoa é um verdadeiro Bábálawo apenas pelo fato de saber responder questões ao que Ifá permite e seu Oluwo e Ojugbona o aprovar através de Odu (Ọrìṣá místico).

O Bábálawo treina a vida toda, desde os Ẹṣẹ Ifá (corpus literários) até Iyẹrẹ (corpus de Ifá designados por sua voz), rezas tais como OrikiAduráIgẹdẹỌfọ (para fazer medicinas) e por ultimo as medicinas que chamamos de oogun, é importante o Awo saber quais as origens das plantas para ter o dom de curar as enfermidades. Ele utiliza vários instrumentos adivinatórios e os mais conhecidos são ọpẹlẹ ifá (rosário) e ikin ifá (noz de palma).

 

Em todo Templo de Ifá existe uma hierarquia a ser respeitada:

1) Oluwo – chefe maior dos omo awo do templo de Ifá;

2) Ojugbona – Este é o ọmọ awo que ensina outrem os caminhos trilhados dentro do culto a Ifá, braço direito do Oluwo;

3) Amosun – Este cargo preserva-se para aquele que carrega o Ọpá Osún (bastão sagrado). Quando o Ojugbona não está presente no templo, é o Amosun que fica a frente de todos os rituais.

 

Fases da Iniciação

 

Ao contrário do Ise`fa, trata-se de uma consagração mais complexa onde, uma pessoa que procura fazer Ite`fa quer completar o seu destino de fato, mas exige mais compreensão da cultura indígena yoruba quanto a forma de cultura Orisa e Ifá. Essa iniciação é completa e exige das pessoas que procuram esta consagração, conhecimento, força de vontade e dedicação. Ifá aqui dará a essa pessoa melhores formas de viver, se ela tiver maior conhecimento de sua liturgia. Eu disse tudo isso, porque infelizmente no Brasil muitas pessoas têm uma visão errada ao procurar esta consagração, porque o compromisso com Ifá é ainda maior se você não entender sua liturgia de fato, o que Ifá oferece e o que Ifá cobra de seus seguidores. Minha opinião para a pessoa que não conhece Ifá e tem muitas dúvidas, faça ise`fa antes de fazer ite`fa, porque só assim você entrará na selva sagrada por completo.

 

Primeiro dia: o homem a mulher que passar pelo ite`fa, o Ojugbona (normalmente) começa a conversar com o Ifá para saber os ingredientes dos sacrifícios a serem feitos antes de entrar na selva sagrada. Quando é revelado o Odu, que chamamos esse ritual de Ifa Adawomi, essa pessoa escuta os versos deste Odu e passar a entender como resolver os problemas e entrar “limpo” para a selva sagrada. Depois dessa limpeza o Oluwo do templo explicará como serão feitos os rituais e quantos dias serão feitos. Ite`fa existem de 3 a 16 dias sendo que 3 dias chamamos de ikota, 7 dias ikoje e 16 dias ikotadilogun. Os rituais variam de poucas mudanças através destas datas, mas a equivalência da força que vai trazer a sua vida é a mesma.

Depois de realizar os sacrifícios você adentra a igbodu, presencia igba odu (cabaça do destino) aonde existi um Orisa mistico de grande importância que chamamos de ODÙ, Oro modi modi, etc. Se a pessoa avistar igbadu, é porque ela escolheu um destino para o sacerdócio de Ifá ou a própria ODÙ e Ifá escolheu este destino a ele (a). A pessoa neste dia passa por vários ritos e faz vários atos junto com os Babalawo presentes, lembrando, que sempre deverá existir 3 ou mais babalawo para realizar este ritual como descritivo logo acima, o odu ifa que explica essa regra esta em Oyeku pake ose, entre outros.

 

 

Segundo dia: O omo awo conhece seu odu e aprende a conhecê-lo por completo, quando os babalawo recitam os versos do odu ifa que saiu no igbodu e o Oluwo explica o destino que você deve seguir desde então. Serão feitos aqui outros ebo (sacrifícios) e Ifá descansará este dia.

 

Terceiro e ultimo dia: É feito o ita, e por ventura a pessoa escolhida ou se reconhecer o destino dela como Babalawo (sacerdote), ele será apresentado a sociedade com musicas, danças com comidas e bebidas. O novo Awo termina os rituais sendo apresentado a sociedade e templo, usando uma ropa nova e bonita. Ele precisa dançar e cantar nesse dia junto com todos. Sai aqui um o conhecimento do Babalawo de seus tabus de sacerdócio e conhecimento dos tabus de seu odu pessoal.

 

Oluwo explica a ele que deve respeitá-lo e seguir sempre suas orientações, a partir de então, o omo awo segue todas as prescrições de Ifá conhecendo os Ọrìṣá que ele deve cultuar e que ele pode se iniciar e iniciar outras pessoas.